Este texto que lamentavelmente não é meu, foi retirado
deste blog
por Paulo Carvalho
Sou um pacato, anónimo e honesto cidadão português e aquilo que me distinguirá da maioria dos meus compatriotas é o facto de escrever e partilhar a raiva que vai em mim, apesar de não ser fazedor de opinião, cronista, jornalista, famoso ou ter qualquer outro desses atributos que fazem com que apenas pessoas que não sentem a crise, sejam socialmente autorizados a falar dela. No dia em que os media derem tempo de antena a cidadãos honestos e trabalhadores que ganham 500 euros por mês, e deixe que estes condicionem opiniões, então aí sim a palavra Justiça começa a fazer sentido.
Não passo de alguém que quer apenas fazer chegar uma mensagem ao maior número de pessoas e, com isso, contribuir para que algumas mentes despertem da letargia. Se todos os portugueses (os que não se identificam com este Portugal, leia-se) fizerem um simples acto que demonstre a sua revolta, o país mudará, acreditem!
Este texto é a súmula de muitos textos que, de há uns anos a esta parte, me apeteceu escrever.
Quis a ironia do destino, ou melhor, quis o povo que Portugal tivesse ao leme dos seus destinos, há mais de cinco anos, um homem que, estou em crer, a História se encarregará de caracterizar melhor do que eu! José Sócrates Pinto de Sousa, que fez questão de adoptar o mais estranho dos seus nomes para sua chancela, quiçá procurando algum paralelo com o mais brilhante de todos os filósofos, mas esquecendo que o seu percurso tem tornado pecaminosa tal analogia, pois não haverá melhor exemplo de contradição.
Este homem foi eleito, como aliás acontece sempre em Portugal, não por qualquer mérito, mas por demérito de quem o antecedeu. Em Portugal ninguém ganha eleições; em Portugal apenas se perdem eleições. Os parcos horizontes mentais do meio país que vota desde o 25 de Abril, e a competência revelada pelos políticos, impedem que alguém ganhe eleições e fazem com que apenas o PS e o PSD percam eleições. Em 2005, o sábio povo, mais uma vez para castigar quem não lhes agradou, podia ter feito mil coisas, entre elas colocar no poder gente nova, partidos novos, de esquerda, direita, do centro, votarem todos em branco, votarem todos nulo… enfim; mas não! Como é apanágio na «democratura» tuga, castiga-se o peixe, votando na carne e castiga-se a carne, votando no peixe. Pior que isso, e constatando que o peixe é podre e a carne é putrefacta há décadas, perpetuam esse enjoativo jogo, num frenético exercício masoquista.
Claro que as estas coisas são lentas no tempo, mas o tempo acaba por chegar e damos por nós, hoje em dia, de caras com a inquietante factura desse mórbido ritual de troca bipolar de poder, assente na legitimidade do voto da populaça!
Trinta anos de política palaciana, em qua autênticos tsunamis financeiros inundavam atabalhoadamente o país, tornando a geração de pais e filhos dos últimos 30 anos numa generalizada máquina de consumo, cuja cegueira do aparente novo-riquismo, impediu que se implantassem as mais básicas regras de justiça social e, pior que tudo, que uma cultura desprovida de valores, de educação, de razão e, em última instância, de humanidade, alastrasse em Portugal. A mais aberrante consequência disso, são fortunas colossais amealhadas no exercícios de cargos públicos, onde os, já de si, absurdos e ofensivos vencimentos são complementados pela corrupção generalizada.
Este estado de abastança geral, levou a que as pessoas entrassem numa espécie de anestesia social, sem que as evidências de um país pobre cheio de gente rica, as incomodasse, vivendo o «hoje» e deixando o «amanhã» aos políticos.
Esse «amanhã» chegou e os políticos são os mesmos. O que variou, para muito melhor, foi o seu património pessoal. O país continua pobre; cada vez mais pobre. As pessoas, para além de continuarem pobres intelectualmente, são-no, agora e cada vez mais, financeiramente. Conclusão: se considerarmos ricos, aqueles que auferem rendimentos mensais acima de 3000 euros, merecidos ou não, há entre estes, dois grupos que condicionam a nação de forma brutal: os agentes ligados aos media (jornalistas, comentadores, apresentadores, etc) e os políticos. Os primeiros enquanto fazedores e moldadores de opinião e que, num país em que as mentes são franzinas, facilmente conseguem levar o rebanho ao prado que desejam; os segundos, porque governam e legislam e, por conseguinte, também levam o mesmo rebanho a seu prado, nem que seja pela simples força da Lei.
Deste pantanal, surge um país em que, no ano 2011, o ordenado mínimo está abaixo dos 500 euros, mas uma apresentadora de televisão, que pouco mais faz do que guinchar desalmadamente, ganha 50 000 euros mensais; um doente espera 5 anos por uma cirurgia, mas um gestor público ganha mais de um milhão de euros num ano; uma empresa pública tem 700 milhões de passivo, mas muda a frota de automóveis topo de gama dos administradores de 3 em 3 anos; um cidadão é preso por consumir droga, mas os mega-processos envolvendo figuras públicas arrastam-se por anos a fio e acabem em nada; o leite escolar paga 23% de IVA, mas os campos de golfe pagam 6%; o país está no limiar da bancarrota mas continua a falar-se no TGV e no aeroporto. Enfim, um rol de contradições que não existe termo no léxico português que caracterize o grau da sua aberração.
Isto é fruto de uma política em que o povo vota. Isto é fruto de políticos que, sabiamente, vivem à sombra da ignorância popular.
O epíteto dessa desgraça chama-se José Sócrates. Um autocrata obstinado! Um sujeito que lidera um partido desnorteado com mão de ferro com um bando de lacaios submissos, cujo mais ocupado assessor é o de imagem; aplaudem-no, dizem ámen a tudo, mas no fundo gostariam de ter coragem para enfrentar o mentecapto. Mas não têm… Um homem nascido e vindo do interior esquecido e que chegou ao sucesso por uma das únicas duas vias que permitem tal ascensão: o talento ou a política. Obviamente que, neste caso, apenas a segunda hipótese prevaleceu. Aliás, a política é para mim o mais obtuso, absurdo e contraditório conceito, pois se, por um lado, é aquilo que legal e constitucionalmente mais condiciona a vida das pessoas, por outro lado, é a maior imundice das pseudodemocracias; é um antro fétido de jogos de interesses instalados de clientelismos, regados por uma corrupção sórdida completamente impune.
Em 5 anos, Sócrates cometeu a proeza de decapitar por completo um país cuja cabeça acaba de ser entregue numa bandeja aos senhores da troika. A liderança política de José Sócrates esventrou toda a estrutura portuguesa, já de si débil, e atirou-nos para o limiar da bancarrota! O Homem que muitos pensam inteligente e detentor de dom de palavra, mas que pouco mais faz do que servir de manequim de fatos caríssimos, ler telepontos e olhar-se ao espelho, dando asas ao seu narcisismo agudo!
Luis Campo e Cunha (antigo ministro de Sócrates) diz, sobre esta crise, que vivemos um filme de terror em que o Drácula culpa a sua vítima, aludindo numa brilhante metáfora, a que Sócrates consegue hoje encarnar um papel absolutamente surreal de conseguir culpar os outros por uma tragédia imputável a si próprio. Mas eu pergunto sempre: o que é que consegue ser mais inacreditável? É um homem que, ciente que despojou um país de quase tudo, protagonizando um política suicida e liderando um Governo assassino e que se reapresenta de cara lavada a eleições como se nada lhe fosse imputável, ou será constatar que ainda é considerado um herói pelos seus acólitos, um brilhante estadista pelos «bate-palmas» que o rodeiam e, pior que tudo, segundo se consta, um bom primeiro-ministro para mais de 30 % do zé povinho?
Acreditem que quando penso nisso, dá-me vontade de, qual Zeca Afonso, pegar na trouxa e zarpar deste torpe país, onde abundam mentes desta natureza. Acho impressionante como há pessoas que preferem a certeza do mal, à incerteza. O velho chavão de que «eles são ruins, mas os outros se calhar são piores» atesta que este país está cheio de gente cuja cabeça facilmente se trocavam pela de um asno, em claro prejuízo deste!
Eu não posso acreditar que vivo num país, em vias de extinção, onde a um mês das eleições já se sabe o seu resultado, como se fosse utópico o PQANML (Partido Que Agora Não Me Lembro) ganhar com 100 % dos votos se toda a gente votasse nele! Não! Nem pensar nisso! O país está podre. As Instituições democráticas estão podres. A justiça podre. A educação apodrecida… tudo é podridão, mas, de sorriso no rosto, o zé portuga, vota PS ou PSD, únicos partidos de poder desde o 25 de Abril. É aqui que os media se movimentam no seu jogo sujo de moldar as pobres mentes. É como os jornais desportivos que ocupam metade da edição a falar no Benfica para vender! Os media dão horas a fio de tempo de antena aos ditos grandes partidos para que a populaça os assimile bem, nem que seja por exaustão. Os media gostam de Sócrates por dois motivos; porque adoram tragédias e porque não são alvos da sua política criminosa!
Também não aceito a treta do voto útil. Isso é um preconceito que os do costume agradecem, pois diz a matemática que ganha quem tem mais votos e se o PQANML tiver 50% mais um, é governo. Todos os votos são úteis, portanto, e são-no ainda mais se forem contra os cadáveres políticos vivos que estão agarrados à teta do poder como uma ostra à rocha e sabem que podem contar com a pobreza do povo, até daqueles que tratam mal a mãe dos políticos, mas atulham-se aos empurrões para tocar nos «Deuses» quando estes vêm à feira!
O país não é o que Sócrates diz. O país é o que Sócrates quis! Esta crise política mais não é do que a consequência da forma ardilosa (aliás ele de engenheiro tem apenas o engenho de ludibriar os papalvos) com que geriu os PECs. Sabendo desde logo do chumbo do PEC4 (agora imposto pelo FMI), apressou-se a demitir-se iludindo o povinho que a partir dali a culpa era da oposição, mas mais se apressou a chamar o FMI, esventrado a pouca soberania que nos resta. É como dizer: «Venham cá limpar a porcaria que eu fiz mas por culpa da oposição». Só um dos maiores mentecaptos da História de Portugal, um criminoso como lhe chama Medina Carreira, como Sócrates de tal seria capaz, e apresenta-se, porém, a votos, com aquele ar de quem nada deve mas a quem tudo de bom se deve! E as pessoas votam nele!
Hoje mesmo as sondagens dão o PS na frente. Se este PS ganhar estas eleições, Portugal ficará de luto e meio país desejará emigrar, nunca percebendo como é que um país se deixa prostrar aos pés de um déspota desta envergadura. Eu, por certo não emigrarei, mas acreditem que o nojo que, de há 20 anos para cá, vai aumentando por ostentar a triste chancela de ser português, talvez se transforme numa mudança de vida, para me sentir bem neste pobre país: deixarei de trabalhar e pagar impostos para que o Estado me sustente com o rendimento mínimo, alistar-me-ei numa claque de futebol, arrumarei, quem sabe, uns carritos, arrancarei metade dos dentes e colarei uns cartazes do PS, dizendo que José Sócrates é o meu pai! Aí sim, sentir-me-ei um orgulhoso português!
Conclusão: apetece-me vomitar quando penso em políticos neste país, mas o maior nojo que sinto é pertencer a uma sociedade que, eivada de uma pimbalhice generalizada, os perpetua e legitima no poder. Em suma, cada povo tem o que merece e nós merecemos estes políticos!
Apelo, pois, valendo isto o que vale, que no dia 5 de Junho nada seja justificação para não votar; que seja a maior afluência de sempre e que apenas uma coisa esteja nas vossas cabeças quando votarem seja em que partido for: será que eu quero que estes políticos continuem a comandar o meu país e o dos meus filhos?
No fim de pensarem nisso durante uma hora, então coloquem a cruz.
Paulo Carvalho