Tem sido recorrente, neste blog, as fotografias de alguns contentores “ao dependurão”, tipo tem que não te tens ou cai não cai borda fora; Porque os outros, que já foram borda fora e ficam a fazer avarias durante muitos e muitos dias, não reza a historia ; Dependendo das cargas que transportam claro . Ora era de prever que as seguradoras, em primeiro e possivelmente único lugar, tomassem uma posição face ao descalabro que tem sido este transporte por mar. Sabemos que a certificação de marítimos, a todos os níveis, deixa a desejar. Sabemos que a falta de vocação para o mar, não é só nacional ( apesar de os outros países deterem tonelagem própria,importante, a navegar) e que o recurso a outros países, muitas vezes sem tradição de mar, é a única forma de colmatar a enorme falta de pessoal qualificado. Como exemplo, temos a Filipinolândia que não tem capacidade de fornecer mais oficiais e marinheiros para as marinhas mercantes mundiais; Já não dá , sequer, para a prata da casa. Se , a este panorama juntarmos a mistura de nacionalidades dentro de um mesmo navio, temos o “ caldinho” pronto a ser servido; Calcula-se que mundialmente, 85% - 95% dos marinheiros, trabalhem em navios com tripulações multinacionais, com os inconvenientes que daí advém, sendo que a língua, ou a falta de uma, não é de menosprezar. Mas até hoje, este tema tem sido mais ou menos tabu, quer dizer, não se fala, não se questiona, tem-se medo de ser politicamente incorrecto, ou até bem pior, racista. Mas sabe-se que as distancias culturais, pegadas à língua, podem afectar decisivamente a eficiência dos navios, e não será com políticas de toca e foge que as administrações chegam lá. Felizmente, que a nossa nem sabe do que estamos a falar; Valha-nos isso. Mas, em contrapartida, lá por fora, as organizações e seguradoras questionam-se com o aumento de acidentes, e tentam deter de alguma forma a crescente sensação de impotência, que vemos a crescer. No transporte de contentores, o p&I North of England Club chegou à conclusão que dos mais de 16 milhões de dólares de reclamações que deram entrada, somente duas diziam respeito a perda de contentores, mas mesmo assim, perfaziam 30 % do total. O resto, e é muito, deve-se acidentes “” menores” resultantes:
- Má ou deficiente estiva dos contentores, deixando fiadas por pear, não cumprindo com o estabelecido pelos manuais dos navios, nesta matéria.
- Falha dos sistemas automáticos de fecho dos contentores. Manutenção deficiente.
- Valores de carga ( peso) dos contentores mal manifestados. Há um caso em Angola que uma grua virou para dentro do navio, ao descarregar um 40 pés de 36 tons, que se veio a verificar serem mais de 50.
- Deficiente interpretação dos boletins meteo, e igualmente deficiente navegação em caso de mau tempo. Quer isto dizer que já há poucos marinheiros; Particularmente grave, esta constatação, sabendo nós da pressão que os capitães têm, quer nas datas de chegada a porto, , quer nas de saida, a fim de cumprir os contratos ,não deixando que uma força 8 qualquer o impeça de navegar. Ainda muito recente , o exemplo do “ Horncliff ”, navio refrigerado, propriedade da PLUTO Shipping Company ( essa mesmo,do filho da Pluta) , este Fevereiro:
- A navegar da Costa Rica para a Europa, perdeu 60 contentores de 40 pés, a 200 milhas WSW das Scilly Isles. É um navio de 1992, de 12.887 tons de arqueação e bandeira da Libéria, com um comandante da Lituânia, que por acaso teve de ser evacuado por helicóptero, com fractura da coluna, depois de percorrer , num só segundo, toda a largura da ponte.Com o Cmdt. Foram evacuadas mais 6 pessoas.Eventualmente, poderia , em tempo, ter evitado o temporal.