quarta-feira, novembro 8

A PESCA NA GRONELANDIA 3

Pelas 18,30 horas, começou-se a virar a amarra e, pelas 19 horas, fizemo-nos de vela ao rumo NE 4N, com vento W e todo o pano largo. Juntos, na Virgin Rocks, estavam os seguintes lugres portugueses: Santa Isabel, Hortense e Cruz de Malta. Navegámos com vento W regular e nevoeiro cerrado, não se vendo os navios, quando partimos». A viagem, que demorou treze dias, foi toda feita com tempo irregular. Algumas vezes havia vento muito fresco, aguaceiros de neve e mar bastante agitado; noutras ocasiões, apenas se fazia sentir uma leve aragem, que mal fazia deslocar o navio, ficando este quase desgovernado, quando, pela tardinha, o vento acalmava por completo. Assim se foi singrando, pouco a pouco, por águas desconhecidas e muito frias, que eram olhadas com desconfiança e um certo temor. No dia 15, porém, pelas sete horas da manhã, passou à fala um vapor inglês, cujo comandante, depois de haver mandado parar as máquinas, forneceu algumas informações, muito úteis, a respeito dos mares da Gronelândia e sobre as condições de pesca nos seus bancos, chegando mesmo a oferecer algumas cartas daquela região. Os tripulantes de «Santa Joana», até aí tão receosos e cepticos, sentem que uma grande alegria lhes invade os corações. Mas, pela tarde desse mesmo dia, são avistados quatro enormes ilhas de gelo, que, novamente, a todos causam grandes preocupações. No entanto, a viagem prossegue, com a máxima cautela, sempre com vigias atentos, a prescrutar o horizonte, para que o navio se possa desviar de qualquer icebergue ou se não enfie para dentro de alguma zona gelada e, no dia seguinte, pelas 10 horas, segundo reza o «Diário» avista-se terra – a ilha da Gronelândia – toda coberta de gelo. «Pelas 18 horas, sondámos em trinta braços, continuando a navegar, com tempo muito bom e claro. Navegámos com vento bonançoso e terra à vista, ao rumo NE 4N, até que, pelas três horas, como houvesse calma e muito bacalhau à borda, ancorámos na posição de lat. 63.40 N e long. 53.00 W – Banco Fillas – com 50 braços de arame de 30 de correntes». O «Santa Joana» manteve-se neste «BANCO» cerca de 21 dias, sempre com bom tempo e fazendo pescas abundantes.

A PESCA NA GRONELANDIA 2

À tardinha, depois de muita procura, todos regressam ao lugre, uns quase vazios e outros com peixe à sarreta. A bordo é uma tristeza! Já passou um mês e ainda não se pescaram trezentos quintais. De noite, naquela longa noite, em que nada se ouvia a não ser os gemidos monótonos produzidos pela oscilação lenta do navio e o tic-tac do relógio de cobre, pendurado na antepara, por baixo do alboi, o Capitão não dormia. Primeiramente, sentado na loca da Câmara, que um candeeiro de suspensão iluminava, com a sua luz amarelada e vacilante, falara com o piloto e com o contramestre; mas agora no seu camarote, muito sozinho, não conciliava o sono. Pensava, pensava sempre. Aos louvados, já ele estava no convés, sem ter pregado olho. Reuniu então toda a companha: - Rapazes: aqui não fazemos nada. É uma desgraça para nós e para os patrões! Dizem que lá no Norte, na Gronelândia, há muita fartura de peixe. Quereis ir até lá? Os pescadores, receosos, entreolharam-se e nada disseram. Mas, passado aquele momento de indecisão, um dos mais velhos quebrou o silêncio: o senhor Capitão tem mulher e filhos, como nós. Leve-nos, portanto, para onde quiser, pois temos a certeza de que vamos para bem. Leve-nos para qualquer sítio, onde haja bacalhau, porque foi para o pescar que deixámos, lá longe e com tantas saudades, as nossa terras e as nossa famílias. Surgiu então no Diário de bordo, que tenho na minha frente, a seguinte passagem:«As dois dias do mês de Julho de 1931, estando o lugre «Santa Joana» ancorado no Virgin Rocks, a E do Main Ledg, como não houvesse peixe suficiente para o carregamento do navio, resolveu o Capitão suspender a amarra e seguir viagem para os bancos da Gronelândia.

segunda-feira, novembro 6

A PESCA NA GRONELANDIA

Escrito pela primeira vez, pelo Dr. Amadeu Cachim, Presidente da Camara Municipal de Ilhavo e ao tempo, também director da Escola Industrial e Comercial de Aveiro, transcrevo com a devida vénia: ------------------------------------------------------------------------------------------------" --------------------------------Primeira Viagem -------------------------------------------------------------- Há já muitos anos e muitos anos, que, na época própria, airosos veleiros portugueses atravessavam o Atlântico, a fim de, nos bancos da Terra Nova, praticarem a pesca à linha. Mas o peixe começou a escassear naquelas paragens, e era necessário procurar outros bancos, onde houvesse abundância de bacalhau, para que os carregamentos dos lugres pudessem compensar as enormes despesas feitas pelos armadores. Quase todas as empresas se encontravam arruinadas a esta industria, com mais dois ou três anos maus, terminaria toda a actividade. Nestes apuros, em 1930, um homem de Ilhavo, Capitão do Lugre Santa Mafalda, tentou demandar os mares da Gronelândia, onde se dizia haver muito bacalhau. Mas, por que se não tinha munido de todas as cartas daquela região, regressou à Terra Nova, depois de haver sofrido as inclemencias do frio, nos mares gelados do estreito de Davies. Estava , no entanto, lançada a ideia. No ano seguinte, quatro navios “Santa Joana”, Santa Mafalda”, “Santa Isabel” e “Santa Luzia”, comandados respectivamente pelos Capitães João Ventura da Cruz, João Pereira Cajeira, Manuel dos Santos Labrincha, e Aquiles Gonçalves Bilelo, todos de Ilhavo, depois de permanecerem nos bancos da Terra Nova, durante cerca de um mês, rumaram aos mares da Gronelândia, onde encontraram grande fartura de bacalhau. -Alta madrugada, estrelas ainda no céu, os da “ companha” são acordados por uma voz rouca e forte que, da boca do rancho, exclama: seja Louvado e Adorado Nosso Senhor Jesus Cristo; são quatro horas, vamos arriar. Ainda estremunhados, os pescadores saltam dos boliches e enfiam a roupa de oleado e as botas de água. Engolido à pressa o café, sobem a correr para o convés. Então os dóris, munidos do estrafego, da agulha de marear e da isca, são imediatamente arriados pelos teques e afastam-se do navio. A remos ou à vela, lá vão eles para o lejo, à procura de um bom espalco, onde a trabalhosa e enervante faina possa ser compensadora. Mas, como nos dias anteriores o bacalhau não aparece. ......."

quinta-feira, novembro 2

MICROSOFT OUTLOOK

Não tenho a menor duvida que é um instrumento de trabalho valiosissimo. Tem-me ajudado imenso, principalmente na organização da minha vida. Agora não sabia que o proboscídio desligava aos 2GB; Sem remédio. O fulano cria uma pasta em C:\Documents and Settings\USER \Definições locais\Application Data\Microsoft\Outlookoutlook.pst que vai enchendo ( tudo o que é mail , agenda, contactos, vai para o saco); Quando chega aos 2 GB, é uma bomba atómica.... Não se faz nada.... Agenda não aceita, os erros são ininteligiveis - como sempre o são , contactos e correios idem. Resultado: trabalhos forçados para um dia..... E é assim. Agora que já cá estou , vamos continuar

segunda-feira, outubro 30

AVENTURA EM LISBOA

É assim que recebemos os turistas; No meio dos contentores; Porventura, alguns serão descarregados em paletes, dando algum sal a estas visitas insípidas....
Esta zona de Alcantara, tem tudo o que é necessario - Terminal de paquetes - para receber os navios de turismo; Vai-se deitar tudo abaixo, para ampliar a area de parque dos contentores....
Xabregas sur mer, essa bela localidade, tem tudo - sempre teve - o que é necessario para receber os varios tipos de carga..... Vai-se deitar tudo abaixo, para fazer um terminal de navios de cruzeiro....
OBRAS, OBRAS - E tudo com o dinheiro do Zé.... malbaratado , só com o afã de criar obras que financiem os partidos e os bolsos de alguns.
Siga a marinha

AINDA O SABADO EM ALCANTARA

Após uns dias a banhos nas praias de Peniche, eis que o trambolho dá ao cais em Alcântara...

É uma barcaça, deve levar para aí umas 3.000 toneladas de carga, contentores talvez, e falta encaixar algumas peças para o por fininho....

domingo, outubro 29

PRINCIPE PERFEITO

Tem um fardo pesado, o de levar tão grande nome pespegado na lata; Até porque, a julgar pelo que vi ( e se vê) , lhe falta pedigree, na traça e no resto; Arma em escuna ( Lugre) - ou assim me pareceu. Não sei o que vai fazer, e para onde vai. Mas é meritória a ideia -peregrina- de levar as pessoas a passear; Só que há uma miriade de " coisas" a fazer, nos concelhos e freguesias ribeirinhos ( no caso da grande Lisboa), para atrair o turismo; SÓ ANDAR DE BARCO NÂO DÁ!!!! pelo menos em termos de futuro. Mas outros deverão saber adjectivar mais e melhor.... Eu boto as imagens

sexta-feira, outubro 27

BISSAYA BARRETO

Creio que agora está mais esticadinho, assim mais asseadito, não é? Não deve ser muito diferente do original; Espero que gostem

quinta-feira, outubro 26

TÃO GEMEOS QUE ERAM

A resposta ao nosso amigo do comentário está aqui; É de facto o mais gémeo possível. Já o Bissaya Barreto, saiu torto , penso que devido à fotografia estar " esticada " no sentido da altura. Em cima está um conjunto dos CRCB, onde inclui o COVA DA IRIA , navio que desapareceu ao largo dos Açores, após a sua sexta campanha, creio eu. Toda a tripulação foi salva pelo Inácio Cunha, sob o comando do Cap. João Labrincha.

quarta-feira, outubro 25

ELIZABETH E O INACIO CUNHA

São dois dos navios por onde o meu pai passou; E mais alguma familia tambem; São gêmeos, isto é, feitos do mesmo desenho, se bem que, a bem ou a mal, acabavam sempre por ter algumas diferenças mais ou menos notórias. O Elizabeth, baptizado com o primeiro nome da senhora Tenreiro, veio a dar o nome a um arrastão, anos mais tarde, já após a revolução do 25 de Abril.

terça-feira, outubro 24

SANTA MARIA MANUELA A MOTOR

No “defeso “ de 1967, são retirados ao navio dois mastros, e passa a navegar só a motor, pelo que recebe uma máquina principal nova com 550 cavalos. Aqui a navegar em St. Johns, NFLD A fotografia , já era má, mas como foi fanada a uma revista......

SANTA MARIA MANUELA

Na primeira fotografia, vê-se o SMM em fabricos, durante o Inverno de 64/65 ,na Gafanha, onde se lhe construiu e montou a gaiuta que irá servir de ponte de comando, e lugar onde ficarão instalados a giro, (bussola que marca sempre o Norte verdadeiro ), o radar, sondas, radios, etc; Modernamente seria uma lista enorme, mas ao tempo , era o que havia.
Ao lado , o navio atracado en S. Johns na NFLD ( Terra Nova), no que se chamava o cais do gasóleo. Aqui o navio já embarcava creio que 6 lanchas, para a pesca com redes de emalhar.
Este tipo de pesca, apesar de selectivo e menos intrusivo que o arrasto, por exemplo, nunca foi acarinhado , talvez pela quantidade enorme de redes perdidas e não recuperadas, que ficam no fundo a matar....

segunda-feira, outubro 23

LASER - WET,WET,WET

A minha tripulação disse-me que estava a chover, que não dava jeito, deitei-me tarde, disse um proboscídio, esta semana não posso....
FOI O QUE PERDEMOS.....
Além de não ter lavado as velinhas, que estão a precisar.....

JOD 35

É como digo, as imagens não nos dão a ideia da força que se via nas barcoletas.... Fiz o que pude.....

AVÉ MARIA

Os JOD 35 em pé de guerra; Mas já com a roupita de inverno.... São bonitos; O Avé Maria é o mais bonito de todos, não é??

A equipagem é aguerrida,

INTERVALO PARA O TEJO

Nem o dia nem a luz se adequavam à fotografia. Mas, apesar de tudo, de tão feio o tempo, estava bonito; Muito vento, e muitos barquinhos, mesmo assim, nesta regata musculada. Algumas bordas na água....

sexta-feira, outubro 20

O SANTA MARIA MANUELA NA PESCA

O "Santa Maria Manuela" foi vendido pela Empresa de Pesca de Viana no final da campanha de 1964 para a Empresa de Pesca Ribau, de Aveiro. À epoca, o navio ainda não usava pano redondo, no traquete; Dá ideia disso. Esta fotografia, creio que é uma novidade, pelo menos da forma como é mostrada, com o nome do navio mostrado da forma correcta. Triangulo de tempo, para aprorar ao vento.

O SMM NAS BOCAS DO POVO

O Santa Maria Manuela é um lugre de 4 mastros construído nos estaleiros da Companhia União Fabril, em Lisboa durante 1937 , EM 60 (!!!!!) DIAS para Empresa de Pesca de Viana, que o manteve até 1962.
Ao que parece, foi construído com o aço previamente adquirido para a construção de 2 navios para a Armada, e que por motivos que desconheço,( mas imagino) nunca passaram do desenho. Quem aproveitou foi o Santa Maria Manuela e o Creoula, que assim ganharam forma.

Este desenho foi básicamente roubado do site da ANC, a quem eu agradeço.

O SANTA MARIA MANUELA

Após a sua ultima viagem à pesca do bacalhau, pelos mares e portos do norte do Canadá, o navio apresentava esta imagem que em cima se mostra. Bastante diferente , a que se mostra na outra fotografia ( fez-se o melhor possível), com o aparelho original; Como tem o pano ferrado, tudo bem arrumado a bordo, e ao que parece uma pipa ao penduricalho no mastro de traquete , tudo me leva a crer que se trata de uma fotografia de chegada a Portugal.

terça-feira, outubro 10

MAU TEMPO

Esta é minha, com uns bons 13 a 14 anos, no mar do norte, creio eu; É um navio de produtos, sai em qualquer tempo, e abrigos lá para cima não há.
As fotografias do tempo são SEMPRE muito dificeis: ou porque há muito spray no ar e a visibilidade é consequentemente curta, ou porque não temos condições de ter a máquina junto - balanços, sobrecarga de funções , atenção e, não menos importante, o susto que vem agarrado a estes dias.