Pois o mar também sabe ser duro, e a factura normalmente é alta.
Esta noite, perdeu-se um veleiro nas rochas de Leixões. Possivelmente, iria a entrar, a fugir ao tempo, e encalhou de encontro às rochas, lá ficando, e levando consigo os seus tripulantes.
Não sei como as coisas se passaram, mas sei, que como sempre, as buscas não puderam ser realizadas devido ao estado do tempo; Ou ao facto de ser noite. Ou não haver meios; Ou a não.... Repito que não sei como as coisas se passaram e falo só por raiva; Da incapacidade que temos ( congénita) de lidar com estas situações; Desde 1975 que conheço o mar profissional e a brincar , e sempre, mas sempre, pedi a Deus, ou a quem estiver de serviço na ocasião, que, a acontecer-me alguma coisa, que fosse lá para cima, para os mares da civilização; Podia até ser mesmo aqui ao lado em Espanha, mas aqui não, que eu sempre soube que não havia ninguém ou nada que me pudesse valer. Iria com toda a certeza ser de noite, ou as condições de tempo não o iriam permitir, etc, etc.... a ladaínha de sempre.
Não sei se foi o caso agora, mas foi mais um caso.
Agora também ( e talvez) se perceba o porquê das empresas de rebocadores do porto de Lisboa terem sido TODAS comprados pelo Holandês ( não, não foi o flying Dutchman) .
Os bombeiros não terão a preparação necessária para este tipo de incidentes.- de facto, só com MUITÍSSIMOS anos de mar é que se começa a compreender esse colosso - nem têm que a ter; Há sim quem tenha, por legislação essa incumbência; Se não podem, que aluguem, que subcontratem! Para mim quer-me parecer que no regime de voluntariado, portanto SEM CUSTOS, se deverá encontrar a solução; Como já houve, e estupidamente já não há.
Um pequeno aparte, e um relato do que me contaram ser verídico:
há já alguns anos, era eu Imediato do ECO GUADIANA, sob o comando do Cap. Campos, ( saudades) ouvi a seguinte historieta:
-Recebeu-se uma chamada telefónica aqui em Lisboa na empresa que funcionava como AGENTE ( forwarding agent) , de um navio ao largo da nossa costa, a pedir transporte urgente para um tripulante com uma mão quase decepada; Os rapazes na empresa fizeram o que sabiam, e há que desencantar um helicóptero para o efeito. Contactada uma base aérea, quem atendeu não sabia onde estava o Oficial de Dia, e portanto não podia assumir a responsabilidade; Dada a insistência das várias chamadas que foram sendo feitas ao nosso homem da base , sabem a resposta dele à urgência??
E quem paga a gasosa do bicho???
O navio, esse, foi até Lagos, incrementou-se o turismo Algarvio em 1 baleeira e 6 homens ( um ferido, é certo), e a mão, ou foi colada ou arranjada no hospital lá de baixo, isto passadas umas boas 12 horas (pelo menos) após o incidente. Agora pensem.....