Cresci à espera dos dias da festa. Havia o antes e depois. As brincadeiras prolongavam-se noite fora, fosse com foguetes e canas, fosse a fazer as diabruras do costume, desde que fizesse as rapariguinhas de sempre reparar em nós.
Antes, claro, havia a estafação de colocar as armações - arcos enfeitados e iluminados que demarcavam o " trottoir" - e os grandes arcos do Ti Barreto e do Ti Casimiro, sempre à procura do melhor elogio. Verdadeiras festas da ingenuidade dos seus autores.
Havia dois dias distintos, naqueles tempos: o primeiro, dia da festança e do carneiro ( obrigatório nesses dias, a chanfana de cabra velha ) onde se mostrava alguma roupita nova, as mulheres da rua iam ao cabeleireiro ( ida única anual ) e se esperava pela procissão. Novamente aqui tentávamos mostrar a nossa fibra, e carregávamos alguns dos " andores" pela rua fora, sempre intervalados com muitos pit stops, para dar alento e coragem para levar até final o pesadelo. Que fazíamos com gosto, alguma devoção e muita brejeirice.
O segundo dia, alem de ser o dia (ainda) do carneiro, tinha as corridas das argolinhas, que eram umas habilidades que se faziam nas pasteleiras de então, além da subida ao mastro ( em vila maruja, só podia ter este nome) que era uma vara enorme, para os nossos verdes anos, onde eram colocados um bacalhau, uma garrafa ou garrafão de vinho e umas notas de dólares dados pelos nossos beneméritos emigrantes nos USA, que faziam questão de vir à festa da sua Rua.
Rematava-se este dia com o " atirar cavacas" da Capela, que era tradição antiga,e uma corridas de sacos, sempre muito enfarinhadas e divertidas.
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