A minha tripulação disse-me que estava a chover, que não dava jeito, deitei-me tarde, disse um proboscídio, esta semana não posso....FOI O QUE PERDEMOS.....
Além de não ter lavado as velinhas, que estão a precisar.....
O "Santa Maria Manuela" foi vendido pela Empresa de Pesca de Viana no final da campanha de 1964 para a Empresa de Pesca Ribau, de Aveiro.
À epoca, o navio ainda não usava pano redondo, no traquete; Dá ideia disso.
Esta fotografia, creio que é uma novidade, pelo menos da forma como é mostrada, com o nome do navio mostrado da forma correcta.
Triangulo de tempo, para aprorar ao vento.
Este desenho foi básicamente roubado do site da ANC, a quem eu agradeço.
Esta é minha, com uns bons 13 a 14 anos, no mar do norte, creio eu; É um navio de produtos, sai em qualquer tempo, e abrigos lá para cima não há.
É sujo, mas é inocente....
Muita corrente, durante a vazante de Sabado e de Domingo.
Está em Liosboa , carregado de miudos
É uma armação por demais conhecida, ca entre as nossas gentes.
Nem sempre o MAU tempo cai desbragado com vagas e vagalhões ( a maré está vazia) a partir tudo e todos; AUm grande numero de registos, aponta sempre para mar desencontrado, vaga larga e balanços terriveis, como a fotografia mostra; É muito antiga, é certo, mas informativa. Se se colocar o mar na horizontal, repare-se como está o navio; 45 graus, mais coisa menoas coisa. Os navios de desenho moderno, ficariam por lá; Dificilmente recuperavam .
Pois o mar também sabe ser duro, e a factura normalmente é alta.
Esta noite, perdeu-se um veleiro nas rochas de Leixões. Possivelmente, iria a entrar, a fugir ao tempo, e encalhou de encontro às rochas, lá ficando, e levando consigo os seus tripulantes.
Não sei como as coisas se passaram, mas sei, que como sempre, as buscas não puderam ser realizadas devido ao estado do tempo; Ou ao facto de ser noite. Ou não haver meios; Ou a não.... Repito que não sei como as coisas se passaram e falo só por raiva; Da incapacidade que temos ( congénita) de lidar com estas situações; Desde 1975 que conheço o mar profissional e a brincar , e sempre, mas sempre, pedi a Deus, ou a quem estiver de serviço na ocasião, que, a acontecer-me alguma coisa, que fosse lá para cima, para os mares da civilização; Podia até ser mesmo aqui ao lado em Espanha, mas aqui não, que eu sempre soube que não havia ninguém ou nada que me pudesse valer. Iria com toda a certeza ser de noite, ou as condições de tempo não o iriam permitir, etc, etc.... a ladaínha de sempre.
Não sei se foi o caso agora, mas foi mais um caso.
Agora também ( e talvez) se perceba o porquê das empresas de rebocadores do porto de Lisboa terem sido TODAS comprados pelo Holandês ( não, não foi o flying Dutchman) .
Os bombeiros não terão a preparação necessária para este tipo de incidentes.- de facto, só com MUITÍSSIMOS anos de mar é que se começa a compreender esse colosso - nem têm que a ter; Há sim quem tenha, por legislação essa incumbência; Se não podem, que aluguem, que subcontratem! Para mim quer-me parecer que no regime de voluntariado, portanto SEM CUSTOS, se deverá encontrar a solução; Como já houve, e estupidamente já não há.
Um pequeno aparte, e um relato do que me contaram ser verídico:
há já alguns anos, era eu Imediato do ECO GUADIANA, sob o comando do Cap. Campos, ( saudades) ouvi a seguinte historieta:
-Recebeu-se uma chamada telefónica aqui em Lisboa na empresa que funcionava como AGENTE ( forwarding agent) , de um navio ao largo da nossa costa, a pedir transporte urgente para um tripulante com uma mão quase decepada; Os rapazes na empresa fizeram o que sabiam, e há que desencantar um helicóptero para o efeito. Contactada uma base aérea, quem atendeu não sabia onde estava o Oficial de Dia, e portanto não podia assumir a responsabilidade; Dada a insistência das várias chamadas que foram sendo feitas ao nosso homem da base , sabem a resposta dele à urgência??
E quem paga a gasosa do bicho???
O navio, esse, foi até Lagos, incrementou-se o turismo Algarvio em 1 baleeira e 6 homens ( um ferido, é certo), e a mão, ou foi colada ou arranjada no hospital lá de baixo, isto passadas umas boas 12 horas (pelo menos) após o incidente. Agora pensem.....
Três aspectos da vida de um navio de pesca; Na faina de pesca, com os quetes ajeitadinhos, fundeado à espera dos botes e a navegar; Reparem como os embornais deitam fora a agua embarcada.....Quer dizer que já tem bastante peixe, e que a água já anda pelo convés.