quarta-feira, janeiro 18




Vive-se um momento de ilusão, ao preço de muitas vidas.

Ao querer fazer mais que os seus antecessores ou porventura fazer aquilo que deu fama aos cruzeiros na costa Italiana, afinal, provou ser um erro fatal.

É no mínimo temerário, fazer-se “ à  terra” daquela maneira;  Mas afinal, não o foram tantos e tantos antes de Francesco Schettino, capitão deserdado da fortuna?  Há 6 anos que dirigia aquele navio com mão de ferro, dizia-se. Provavelmente tantos quantas vezes fez as suas tangentes à ilhoca, que desta vez não esteve pelos ajustes e pregou-lhe uma valente rasteira. Mais pontapé nos tomates, que vai ficar a doer para o resto da sua vida, que não vai ser fácil….

Já temos um culpado, na pessoa do Capitão do navio. Provavelmente, a ter em atenção a hora do acidente, o Imediato, será o co-réu.

Mas o Francesco não deixa de ser, a acreditar no que se sabe, um belo filho da mãe. Em choque, ou não, não abandona o navio. Não fará falta nenhuma, no meio de tantos e tantos oficiais com formação especifica . Mas faz parte da pintura. E ao abandorar o quadro, borrou a pintura toda.. Mais ainda quando telefona para a Guarda Costeira ( estão na moda, estes palavrões)a perguntar quantos mortos haveria no navio.  - Tu é que devias saber e estar a informar, meu filho da mãe, não a perguntar. Terá sido qualquer coisa nestes termos, o que obteve de resposta das autoridades.
 Ironicamente, num navio que deverá ter dezenas de nacionalidades, são dois italianos que bulham com a sorte. Mesmo sabendo-se que o recrutamento das tripulações, hoje em dia, acontece  de acordo com valores monetários e NUNCA pela excelência dos mesmos, não foram os “mal pagos” ou “muito mal pagos” os protagonistas principais. Ou terão sido??
Sabe-se que Imediatos, tal qual os capitães, em paquetes,   são de salão, nunca de casa de leme…..
A industria protege-se, meus filhos.
O cruzeirismo, ou a moda do mesmo, está a tremer. Sofreu uma machadada terrível!
O navio bateu e  vai-se perder, embora já haja acordo para tentar retirá-lo daquela incomoda posição.
 E bateu porque  se desviou da sua rota, presumo;  Desviou-se  para evitar outra navegação,  por  distracção do pessoal de quarto nas marcações e consultas ao variados equipamentos hoje ao dispor dos marinheiros, ou até por falha mecânica, aparentemente não notada.
Falta agora, que já se contaram os mortos, tratar dos que ficaram. E para descanso das almas vindouras, há que fazê-lo rápida, eficaz e de uma forma transparente.
Vem isto a propósito do navio, e da sua rápida transição do direito para o torto.
Todos os navios de passageiros são objecto de cuidados muitíssimo especiais durante a sua construção. Para o que aqui interessa, direi que são bastante compartimentados, por  forma a torná-los estanques.


A SOLAS ( safety of life at sea) dedica muitas e muitas paginas a legislar sob a forma de construir estes navios:

Exemplo da pag. De arranque neste capitulo:

Part B – Subdivision and stability

4 Floodable length in passenger ships . . . . . . . . . . . . . .

5 Permeability in passenger ships . . . . . . . . . . . . . . . . .

6 Permissible length of compartments in passenger ships.

7 Special requirements concerning passenger ship subdivision .

8 Stability of passenger ships in damaged condition . . . . ..

8-1 Stability of ro–ro passenger ships in damaged condition ..

8-2 Special requirements for ro–ro passenger ships

carrying 400 persons or more . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..

8-3 Special requirements for passenger ships, other than

ro–ro passenger ships, carrying 400 persons or more . . ..

De uma forma muito esquemática e aligeirada, temos a secção de uma navio, em cima. Tem tanques de fundo – chamados duplos fundos, doble bottom) e tanques laterais – wings- que no caso acima servem para lastro e possivelmente combustíveis. Da forma que são compartimentados transversalmente, também o são em comprimento, por forma a criar espaços pequenos, impermeáveis. Não sai combustível ( ou agua) e não entra nada.


O Caminho das pedras - O verdadeiro, o unico, o que o leva à ILHA.













1 comentário:

Eugénio disse...

Gostei de ler o teu "ponto de vista"