Já muito se tem falado do " morrer na praia" dos nossos marinheiros, e da indignação que isso provoca.
Propositadamente não traduzi o texto abaixo, para ser fiel a interpretação que cada um irá dar.
" The Portuguese paddle steamer Porto, m/gt ??, 150hp/9,5 miles, wooden built in 1836 by Plymouth Shipyards for Empresa do Barco a Vapor, Oporto, which placed her in the mail, passenger and cargo service between Oporto and Lisbon, with eventual calls at Figueira da Foz. She was the first paddle steamer registered at Oporto, where she arrived 24/12/1836. On the 29/03/1852 wrecked in the River Douro mouth, Oporto, about 100 meters from local life-boat station, which was out of service due political disputes, with the lost of 36 passengers and 15 crewmembers, despite several pilot-boats had tried to rescue the unfortunates on board. Only 7 crewmembers were carried together with waves to the beach and saved.The image shows the wrecked steamer in the River Douro, in front the Oporto city.
A sina, o fado, o destino, será que explicam tudo???
E não se pode demiti-los??
Porquê?
10 comentários:
pois...
mas se foram lá vários barcos dos pilotos e não conseguiram salvar quase ninguém, o que faria a lancha salva-vidas que nessa altura muito provavelmente era a remos? morriam os da lancha também... ou não?
Falta a vocação... Imagine o navio não conseguir sair a barra, por falta de pilotos, apesar de serem varios os " ISN's" a bordo.....
Mêma coisa, não??
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pois... ou faltam os meios ou os conhecimentos!!
(há aí uma história do inferno português que fala disso...)
Caro amigo !
Acho fantástico descobrir as minhas fotos por esse mundo fora. Essa imagem do naufrágio do Porto no azulejo foi feita à cerca de 25 anos na estação dos bombeiros na foz do rio Douro, estação essa que está a cair em ruínas. Espero que tenham tido a preocupação de salvar a imagem pela importância que merece. Quanto ao naufrágio do Porto, contada com veracidade só a encontrei no livro de registo de ocorrências da Estação Semafórica do Douro, que se encontra na Biblioteca da Adm. dos Portos do Douro e Leixões. Existe também um relato excelente no livro "Naufrágios, viagens, fantasias & batalhas", compilação de relatos da responsabilidade de João Palma-Ferreira, edição do Circulo de Leitores. Na primeira página pode ler-se :
O mar é calmo agora.
Na praia sinuosa,
Madeiras, pregos, velas rotas,
Destroços do navio.
Belo soçobro clássico e antigo!
Das velhas narrações anónimas, lembrança.
(Sonhei contigo assim, como qualquer criança.)
..........
Cabral do Nascimento
Um abraço do Reimar
Ainda bem que gostou de ver a sua fotografia aqui pespegada; A globalização também é isto: A miriade de lugares diferentes, ( dentro da rede, claro!) onde revemos e vemos as nossas coisas. As fotografias perdem sempre um pouco a identidade, e por isso, há muito bloguistas a " personalizar" as suas imagens. Eu tenho mais a ideia da universalidade das imagens, assim que entram na net. Claro que não vou aceitar uma fotografia minha com uma autoria diferente, mas também aí, as acções ficam com quem as praticam, não é??. Neste caso, a fotografia foi mais para ilustrar a nossa proverbial tendência para o laxismo, deixar andar. E, em 1852, tal como agora, as coisas pouco mudaram.
Provavelmente ainda foram agraciados com alguma comendazita, os do ISN, lá da zona....
Grande abraço
Caro amigo !
Desta vez está a ser injusto. Por acaso sabia que foi devido ao naufrágio deste navio, que a Rainha D. Maria em visita oficial ao Porto, trazia na mala 2 objectivos ?
1º Apresentar condolências à cidade pelo falecimento de algumas das suas personalidades mais importantes, tais como a família Allen, o pai de Ana Plácido, mulher de Camilo Castelo Branco, etc., etc.
2º Criar em Portugal o Instituto de Socorros a Náufragos, que viria a ser o primeiro da Europa.
Ás vezes é difícil apelar para o que ainda não existia... Depois saiba que andou muito dinheiro de mão em mão para resgatarem os náufragos. E mesmo com actos de imensa coragem dos locais, que conseguiram passar espias ao navio, acabaram por rebentar por força da violência do temporal.
O naufrágio do Porto mudou muita coisa no país. De lamentar apenas o facto conhecido de que às vezes o serviço não funciona tão depressa quanto necessário, mas...
Um abraço do Reimar
Caro José Angelo Gomes
Parece haver para ai uma confusão involuntária com as imagens do vapor Porto, que naufragou aqui na barra do Porto em 29/03/1852. Essas imagens foram postadas por mim no Ships Nostalgia em tempos, assim como de outros navios, Sadinos, Sofalas, etc., que já foram postadas e muito bem nesse excelente Blogue, que muito aprecio.
O colega Reimar está equivocado, porque as duas imagens não são de sua autoria, (poderá possuir outras), sendo a do azulejo, desconheço o autor, obtida de um recorte do jornal O Comércio do Porto de 29/03/1952, aquando da passagem do centenário da terrível tragédia e a segunda foi de um postal do desenho assinado por António Joaquim de Sousa Magalhães e que me foi cedida pelo entusiasta e pesquisador de temas marítimos, aqui do Porto, que o meu amigo e colega Reimar muito bem conhece, que é o Francisco Cabral, o qual me cedeu algumas gravuras para ilustrar o texto A Tragédia do Vapor Porto inserido no livro de minha autoria “A Barra da Morte – A Foz do Rio Douro”, que também o prefaciou e que foi editado pelo vetusto mensário local O Progresso da Foz. A minha obra, que o Reimar, possivelmente ainda não leu por completo, relata alguns acidentes na barra, opiniões sobre a antiga e a nova barra, navegação comercial fluvial e flúvio-maritima, recordações marítimo-familiares e outros.
O azulejo comemorativo da tragédia do Porto, embora o edifício da antiga Estação de Socorros a Náufragos da Foz do Douro, situada aqui muito perto da minha residência, que hoje é pertença do Centro Social local e que, possivelmente está à espera de licenciamento para obras, encontra-se salvaguardada. Aliás em tempos chamei a atenção da Junta de Freguesia local para o caso.
O vapor Porto, de pás e madeira, que de véspera deixara a barra do Douro, devido ao mau tempo do quadrante sul, por alturas da Figueira da Foz, viu-se obrigado a retroceder correndo ao tempo e o seu capitão, pretendia arribar a Vigo, só que os passageiros insistiram para demandar o Douro. Vendo que o mar na barra era de andaço mas com alguns lisos, resolveu comunicar com terra e o piloto-mor interino, após consultar os seus subalternos, decidiu autorizar a entrada e o prático embarcaria após a passagem pelo lugar do cais da Meia-Laranja, visto a embarcação dos pilotos não se poder aproximar da boca da barra devido ao mar e ao escarcéu motivado pelas águas de cima, como muitas vezes se realizou com aquele vapor e outros. Acontece que o navio apanhou bastante mar mas sem motivo de percalços e quando já estava dentro da barra em melhores águas devido à corrente de cima, águas de ronhenta, estoques de água ou pouca firmeza de leme, o navio foi sobre a restinga a estibordo e para vir ao canal desgovernou a bombordo e parece ter ficado sem leme indo encalhar na fatídica pedra do Touro, que naqueles tempos estava isolada de terra, para mais de cem metros e junto da Estação de Socorros a Náufragos, que foi uma das melhor apetrechadas do mundo mas que infelizmente, devido a lutas politicas fratricidas estava desactivada e sem qualquer lancha salva-vidas capaz.
Como até há poucos anos sucedia, a alternativa eram as embarcações dos pilotos (cada piloto possuía a sua própria embarcação chamadas de catraias com uma companha de cerca de 15 homens e mesmo o piloto-mor também possuía a sua), só que eram bastante grandes e pesadas e não conseguiam passar pelo meio dos rochedos existentes nessa antiga barra, além de serem bastante pesadas. Naquele tempo não havia qualquer quebra-mar na barra. O molhe de Felgueiras e o Cais Velho ou do Touro foram construídos muito mais tarde. Era só praia e rochedos perigosos. Somente uma catraia mais pequena dirigida por dois pilotos e voluntários conseguiu chegar junto do naufrágio, tendo lançado um cabo, afim de estabelecer um género de cabo de vaivém, só que de bordo, parece que o capitão, mandou largar essa corda, porque a catraia estava a ficar em perigo de soçobrar e os pilotos vendo que a forte corrente já de vazante, que formava um enorme escarcéu com a noite a aproximar-se, nada podiam fazer em socorro dos desgraçados. O Porto devido à vazante já meio alquebrado foi levado pela corrente e o mar a crescer para a pedra da Forcada, mais abaixo, acabando por se desfazer, com a perda das vidas de 36 passageiros e 15 tripulantes, salvando-se arrojados pela rebentação à praia 7 homens. Houveram cenas lancinantes de familiares e populares e actos de heroísmo, mesmo de personalidades importantes.
E aí fica, apenas um resumo do que foi a maior tragédia da Barra do Douro de que há memória e que trajou de luto uma página da história Portuense e Gaiense, tendo sido sentida por todo o país, levando à reorganização dos serviços de socorros a náufragos e dando azo a que se recomeçassem as obras da barra; mas aqui se perdeu a esperança da cidade do Porto vir a possuir o seu ambicionado porto transoceânico, que tinha condições para isso, tendo sido decidida bastantes anos depois a construção do porto de abrigo de Leixões. Mais tarde transformado em porto de abrigo e comercial e hoje até parece estar a tornar-se só comercial.
“NAVIOS Á VISTA” é o meu Blogue, que está a iniciar as primeiras viagens como não poderia deixar de ser com temas marítimos.
Sempre ao dispor e um abraço
Rui Amaro
Caros amigos Reimar e Rui Amaro,
Nunca me arroguei ares de escriba, relator ou outro ; Aliás, sempre reconheci que me era penoso escrever. As palavras não saem à primeira, por vezes nem à segunda. E como tenho pouco tempo, acontecem as desgraças permanentes, vulgo blog. É assim: apressado, pouco rigoroso, a tentar cair na graça, e denunciante q.b. Sempre fiz agulha para que este blog , no dizer da SAILOR GIRL, se mantivesse no limiar da loucura razoável; Creio que foram as palavras que ela usou, uma vez; Ou então muito próximo disto.
Bom , tudo isto para agradecer aos SENHORES Reimar e Rui Amaro, o terem-se dado ao trabalho de vir aqui escrever ( e muito bem) o que se lhes oferece. De facto, a minha transcrição é um copy / paste, como é fácil de ver. O resto, é mérito vosso. Bem hajam e apareçam sempre.
O mar foi o catalisador de um povo, que nele se reviu até há pouco tempo. Esteve lá para nos ajudar nos momentos maus e menos bons. Hoje, fazem a Docapesca em LOURES.
Abraços aos dois.
Caro José Angelo Gomes
Estou um pouco confuso. O Vapor Porto não foi aquele que levou ao Brasil, em 1922, o então presidente da República António José de Almeida, por ocasião do primeiro centenário da independência daquela ex-colónia e cujas atribulações deram origem a um caso político? Ou este vapor Porto de que falo é outro e não aquele que aqui é invocado?
Já agora, aproveitava o ensejo para lhe perguntar se porventura tem alguma foto do vapor "Machico" que foi alvo de um ataque(durante a primeira Guerra Mundial) de submarino alemão, ao largo das Canárias, e que conseguiu resistir e chegar intacto ao porto de Lisboa vindo de Moçambique?
Se possuir uma foto deste vapor Machico, agradecia que entrasse em contacto comigo (joaoamadogabriel@sapo.pt) pois precisava de tal elemento para um trabalho académico.
melhores cumprimentos
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