"Em 1984, o Decreto-lei n.º 287/84 estabelecia as bases para a exploração do Terminal de Contentores de Alcântara, com as seguintes condições: área de ocupação restrita; atracagem apenas permitida a navios que, pelo seu calado, não pudessem acostar a Santa Apolónia; prazo de exploração de 20 anos, e concessão mediante concurso internacional. Com estas condições, apenas uma empresa - a Liscont - se apresentou a concurso e tomou a exploração, que rapidamente se revelou deficitária. Em 1995, salvo erro, a Liscont é comprada pela Tertir, que vem a obter do Governo, nos anos seguintes, alterações ao contrato, que de todo subvertiam as regras do caderno de encargos do anterior concurso internacional: mais área de ocupação, possibilidade de acostagem de todo o tipo de navios e mais dez anos de prorrogação do prazo, agora fixado até 2014. Em 2006, oito anos antes de expirar o prazo da concessão, a Tertir é, por sua vez, comprada pela Mota-Engil, por um preço anormalmente elevado face à perspectiva de negócio futuro. Mas, em Abril deste ano, sem que nada o fizesse prever ou o aconselhasse em termos de interesse público, fica-se a saber que a concessionária obteve do Governo nova revisão extraordinária do contrato, com as seguintes alterações: alargamento da capacidade de descarga para mais do triplo; aumento da área de ocupação para mais do quíntuplo; manutenção das taxas, já reduzidas, de operação; e prolongamento do prazo de concessão por mais 27 anos (!), até 2042. Tudo sem concurso público, tudo negociado no segredo dos deuses, tudo perante o silêncio atordoador de António Costa, presumido presidente da Câmara de Lisboa. E, finalmente, em Setembro passado, através do citado Decreto-lei 188/2008, fica-se a saber que o Governo ainda se disponibiliza para investir mais de 200 milhões de euros para garantir à Liscont/Tertir/Mota-Engil as obras necessárias a garantir o escoamento da sua capacidade triplicada de movimento. Imaginem: eu tenho um pequeno restaurante à beira-rio, que não é viável, por falta de espaço e de acessibilidades, e cuja concessão a lei prevê que dependa de concurso público e só dure vinte anos. Vem o governo e, de uma assentada, autoriza-me a triplicar o espaço, prorroga-me o prazo de concessão de modo a que o meu negócio acabe garantido por um total de 57 anos e sem aumento de renda, disponibiliza-se para me fazer e pagar as obras de acessibilidade necessárias ao sucesso do restaurante... e tudo sem concurso público, negociado entre mim e eles, no resguardo dos gabinetes.
"
O MST tornou-se no arauto de muitas vozes, neste caso que já extravasou LISBOA.
A pequena politica, a dos interesses, pelo desinteresse dos portugueses, prepararava-se para uma vez mais, ludibriar o Zé.
É uma pena das grandes, o MST não estar mais vezes " no ar". Faz falta, a forma como diz as coisas.
Deus o mantenha lucido.
2 comentários:
o que é pena é que o MST só saiba criticar e não saiba propôr alternativas...
que não saiba dizer que com o dinheiro que vão gastar em Alcântara para acolher os novos contentores podiam pagar umas 10 vezes a dragagem da barra de Setúbal (só era preciso uma que ela depois, tal como a de Lisboa que foi dragada há uma dúzia de anos, mantém-se) e mais umas quantas vezes a transformação de Alcântara em terminal de partida e chegada de cruzeiros e mais náutica de recreio e mais hotéis, lojas e restaurantes que trariam muito mais receitas a Lisboa e ao país que esses contentores...
que não saiba dizer que FAÇAM CONTAS e procurem alternativas porque elas existem, etc...
assim transformou (ou deixou transformar) o que poderia ser uma reclamação mais do que razoável numa "birra" de uns senhores que querem ver o rio à custa do progresso do País e do emprego dos trabalhadores portuários!!!
e é pena porque assim não vão (vamos) a lado nenhum...
Mas ele refeiu tudo o que escreve num artigo, que eu vou tentar descobrir. Falou de Setubal, sim senhor. Até eu já vejo com bons olhos SETUBAL.
Prazer em lê-la.....
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