Ainda não tinha acabado de ler o DN com um artigo
em que o tema é o mar, com diversas personalidades a dar a sua opinião, e já estava aos gritos! Resta-me a duvida de saber
que não será a sua opinião, mas de outrem, talvez " comprada" num
outro jornal ou revista. Mas enfim, coisas da santa ignorância. Mas alivia-me
um pouco.
Depois de ler alguém que se diz comunicador fico nem eu sei bem como. Não fico bem : Comigo, e não
fico bem com o nosso Portugal de hoje.
Ora bem, este senhor refere às tantas que
adoraria ser " embarcadiço", porque, sentado nas praias de Key West (
para quem não sabe e não tem os privilégios deste senhor, é na Florida, na
parte mais ao Sul) imaginava-se a dar a volta ao mundo. Paquetes , note-se. E
imaginava-se embarcadiço.
Comunicador, diz que é. Mas que é ser comunicador?
Somos 10 milhões de comunicadores?? Comunicador não é nada, pois não, Mas
embarcadiço, muito pelo contrario é. O termo, em tempos pejorativo, indicava as
pessoas que normalmente eram " caçadas " e forçadas a embarcar nas
caravelas, ou então , por disposição legal , forçadas a embarcar. Hoje está em
desuso, felizmente.
Mas há o marinheiro, que é o embarcadiço que
gosta do mar. Não o mar visto de terra, ( mesmo nas Keys), mas do mar salgado e
rude, diário de contradições. E esses marinheiros, ao contrário dos
Comunicadores, são mais que marinheiros: São Médicos, Enfermeiros, Capitães,
Cozinheiros, Engenheiros, e uma infinidade de outras coisas. Mas estas
profissões, quando embarcadas, dão lugar a uma outra mais abrangente, que é a
de marinheiro.
Comunicador, além de não ser nada ( ou mais
exactamente 1/ 10.000.000 ) ,também não é mais nada.
Prezo-lhe contudo a pachorra de esparramar estas
coisas em papel. Valha-nos isso, para se poderem contar as espingardas.
No oposto, com uma sobriedade de espantar os tais
10.000.000, temos o Zé Cid, homem do norte, de famílias tradicionais, mas com o
bom senso da região: O NOSSO FUTURO, É A TRADIÇÃO. E prontos, está tudo dito.
Nunca pensei chegar aqui, onde estou, com os meus
58 anos, e ter de ouvir esta gentinha, a falar do que não sabe. E ter de
sustentar uma cáfila que lhes dá cobertura e visibilidade. Fónix.
É mais fácil de entender a forma como chegámos ao
estado miserável onde nos encontramos, de ter transformado uma país gordo num
quase cadáver alimentado a soro.
O MAR, senhores, é sério de mais para ser a
vista, o conforto, enfim, um mês por ano.
O engraçado nisto tudo, é que
se perguntarem aos mesmos indivíduos que respondem neste artigo, algumas
profissões de mar, vão, com toda a certeza, ser unânimes: NADADOR SALVADOR, ou
VENDEDOR DE BOLAS DE BERLIM.